domingo, 15 de agosto de 2010

A Morte Pede - Capítulo 1

Por Jack Fey

Estou lançando uma história a ser publicada semanalmente. Não sei quanto tempo ela vai durar, dependerá da aceitação e comentário de vocês. Intitulei-a de "A Morte Pede". Trata de um jovem que perde o amor da sua vida e... Leiam. Será narrada em primeira pessoa. Todos os domingos um novo capítulo.

A Morte Pede


Capítulo 1 - Quando A Morte vem Até Nós

Eu estava lá. Era meia noite. Se alguém por ventura me avistasse ali, seria uma grande encrenca. Imagine alguem em meio à chuva forte, defronte a um túmulo, só poderia ser um saqueador de tumbas. Mas eu não me preocupava. As rosas vermelhas misturadas aos cravos em minha mão, num arranjo bonito que se estragava com cada gota forte que caía sobre ele. Eu trajava uma camisa social preta, um cinto colocado com fivela ao lado, uma calça jeans preta e um coturno. Apenas mirava aquele túmulo. Nada mais. Eu olhei para o céu e vi as gotas de chuva cairem em direção ao solo. A chuva estava forte, cada gota parecia perfurar a pele da minha face. Mas eu já não tinha o que perder. Eu apenas voltei meu olhar em direção ao túmulo mal cuidado e sentei-me lá, ao lado do túmulo, à meia noite, com lágrimas que se misturavam à chuva.
- Porque teve de ser assim? - perguntei eu à pessoa que estava dentro do mesmo. Postei cuidadosamente o arranjo de flores sobre o sepulcro. A chuva continuava forte.
- E eu não quero me esconder aqui dentro, você entende. Sei que faz tempo desde que eu te visitara. Podemos relembrar. Mas a Morte sempre vem não é mesmo. Eu preciso saber pra viver. Mas você não pode me contar. A medalha que escondi ainda está aí em algum lugar. Quando a morte vem até nós é que vemos o quão somos fracos. Sabe, ela veio me visitar a duas semanas. Olhei fundo nos olhos dela, mas duvidei que ela me levaria, e assim se fez. Aqui estou eu pra contar a história.
Fiquei em silêncio e a chuva continuava a cair... Trovodas e uma tempestade que impossibilitava qualquer um de me ver postado ali, ao lado daquele túmulo.
- Foi meio ruim você morrer e me deixar aqui. Meu coração te odiou por anos, mas, sou eu que aqui estou agora não é mesmo. Veja por quantas coisas eu passei devido a sua ausência, claro que talvez se você estivesse comigo, eu não teria certas oportunidades. Você era mesmo impaciente.
Continuei a contemplar a chuva cair sobre os outros túmulos.
- O Amor machuca sabia. Ele destrói, faz do nosso coração pedras inexpressivas e mortas. O meu sangra. Semanas atras ele quase parou, você sabia? Mas agora ele sangra. O Amor. O maldito amor. Entendo você por não acreditar nele em vida. Ou talvez acreditasse, mas sua índole não lhe permitiu sofrer. Você era mesmo... Você.
Estiquei perna direita e continuei a falar.
- Sabe porque estou aqui. Para dar uma olhada em você, conversar e te perdoar. Não quero morrer sem te conceder meu perdão. Mas estou aqui também por outra razão. Meu coração morreu. Não fisicamente, mas sim sua essência. Eu precisava contar pra alguém sobre isso, sobre como me dói, como me afeta e me entristece. Ao menos se você não me entender, não poderá me julgar, você já foi pior que eu, e jamais poderá pronunciar uma palavra contra mim. Eu não fui justo com você todo esse tempo. Você me deixou. Mas eu não cumpri minha parte.
Lágrimas romperam novamente de minhas órbitas, misturando-se às gotas de chuva. Mas prossegui.
- Você não aprovaria meu jeito, minhas marcas espalhadas pelo corpo. Mas você fez pior. Mas não quero te julgar. Jamais. Estou aqui para lhe fazer compania. Você precisa, quem vem te ver? Ninguém, não é mesmo? Então que tal começarmos um diálogo um pouco mais específico?
Encarei o túmulo.
- Vim falar a você sobre meu coração, minha vida, minha dor, meus sonhos destruídos, as mentiras e os gritos. Não é tão fácil quando se está vivo. Mas eu poderei ver. Então escute-me, vou-lhe revelar coisas que você não sabe.
Respirei fundo.
- Segredos que nunca sairão daqui... Então vamos, tudo começou há bem uns seis anos atrás. É, quando um princípio de bom tempo começou. Eu usava roupas pretas e um corte extravagante. Mas fique observando atentamente, tudo não passa de uma verdadeira Lie (Mentira em inglês). Entenderás... Acalme-se. Foi na igreja onde tudo começou, minha vida adolescente, amorosa e demais coisas. Foi naquela data que não me lembro mais. Eu beijei pela primeira vez...


Fim do Capítulo... Domingo a história continua e durante a semana, conteúdos diversos pra vocês.

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